terça-feira, 19 de junho de 2012

Seridó terá curso superior em Música

Músicos da Orquestra Filarmônica de Cruzeta, celeiro de instrumentistas no Rio Grande do Norte
Yuno Silva - Repórter

O Seridó potiguar, região conhecida pela forte identidade cultural arraigada no DNA de seus habitantes, também é reconhecida por sua produção artística - seja no artesanato, na culinária e, sobretudo, na música. Como consequência dessa particularidade, a UFRN está a um passo de implantar cursos técnicos e a dois para viabilizar uma graduação universitária em música na região: o projeto do curso técnico já foi elaborado e aguarda apenas um parecer final do Ministério da Educação para liberação dos recursos; enquanto a graduação passa por etapas preliminares como definição da grade curricular e sobre a estrutura física necessária.

Os trabalhos da comissão que estuda a viabilidade da graduação iniciaram no mês de maio, e o prazo inicial é de 60 dias para fechar a proposta a ser apresentada à reitora Ângela Paiva. De concreto, a comissão multidisciplinar decidiu que o curso será de licenciatura. "Tivemos três reuniões até o momento, conseguimos adiantar bastante coisa, mas, provavelmente, iremos pedir prorrogação do prazo por mais 60 dias para formatar um projeto pedagógico completo. Por se tratar de área específica, temos que considerar todos os detalhes", disse Lourival Andrade Júnior, coordenador da comissão e professor do Departamento de História do Centro de Ensino Superior do Seridó - Ceres/Caicó. 

Apesar da presença de representantes da Escola de Música da UFRN na comissão, o curso será ligado ao Centro de Ensino. "Acreditamos que o curso poderá ser implantado até 2014, tempo necessário para estruturar a parte física e o corpo docente, pois talvez tenhamos que abrir concurso para novos professores", adiantou Lourival. Sobre a parte física, ou se constrói um novo prédio no Ceres/Caicó ou se restaura o depredado Castelo de Engady, propriedade do Governo do RN. "O Estado já sinalizou quanto a essa possibilidade, mas ainda estamos vendo se vale a pena investir na restauração", informou o professor.

Reivindicação de bandas e orquestras é antiga

Celeiro de compositores de renome nacional como Tonheca Dantas (1871-1940), e instrumentistas de primeira grandeza como o trombonista Klênio Barros, cria da Banda Filarmônica de Cruzeta e recém-aprovado em mestrado de música em Portugal, o Seridó lidera a lista das bandas e fanfarras em plena atividade no interior do Rio Grande do Norte.

"A criação desses cursos é uma reivindicação antiga", disse o maestro Humberto "Bembem" Dantas. "O Seridó sempre foi muito ligado à música e essa nova geração de músicos está ciente da necessidade de buscar qualificação e capacitação", complementa o maestro e músico prático, que mesmo sem diploma de terceiro grau faz parte das comissões da UFRN que coordenam a implantação dos cursos técnico e de graduação. "Bembem foi convidado por seu conhecimento e articulação junto às bandas", justificou o professor Lourival Andrade, do Ceres/Caicó.

O programa de cursos técnicos oferecidos no Seridó pela Escola de Música da UFRN mantém parceria com as secretarias estaduais de Educação e de Assistência Social, e as Forças Armadas. "Essas instituições serão responsáveis pela seleção dos alunos, são os demandantes, a estrutura é toda da UFRN", disse Zilmar Rodrigues, professor e diretor da EMUFRN. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, do Governo Federal, que promove cursos em várias áreas de formação inicial e continuada - Pronatec, que na Escola de Música é coordenado pela professora Raquel Carmona.

"Estamos engajados neste projetos desde o início do ano, a partir de uma demanda que já existe no Seridó e na Região Metropolitana de Natal, e neste primeiro momento estamos implantando cursos de curta duração, entre 160 a 180 horas", lembrou Rodrigues. 

Inicialmente estarão abertas vagas para as modalidades Regência Coral, Iluminação Cênica e Tecnologia de Cena e Produção Cultural, e as aulas irão acontecer na EMUFRN. Também está sendo estudada a possibilidade da sede da Banda de Cruzeta também abrigar aulas. "Esses são os chamados cursos de formação inicial e continuada, com duração de um mês a quatro meses dependendo da carga horária semanal", explicou Zilmar. 

Já o ensino que contempla os instrumentos clarineta, saxofone, trompete, trombone e percussão, são os do curso técnico propriamente dito, com 810 hs de carga e período de conclusão de 18 a 24 meses. "Está tudo pronto para iniciar as aulas ainda neste semestre, aguardamos apenas a liberação de recursos do Ministério da Educação", garante o professor Zilmar Rodrigues.

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